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- Árvore - Definição - Semente

Dormência:

O desenvolvimento da semente é o resultado normal do processo de polinização. Entretanto, isto nem sempre ocorre, pois após a fertilização, o embrião inicia seu crescimento, porém, às vezes, não consegue completar seu desenvolvimento. Isto pode estar relacionado com as condições fisiológicas que envolvem o endosperma. Em geral, o desenvolvimento do fruto e da semente ocorrem simultaneamente e de forma sincronizada. Alguns frutos podem desenvolver sementes sem que a polinização e a fertilização tenham ocorrido, processo conhecido como partenocarpia. Existem também, frutos partenocárpicos que possuem óvulos maduros não fecundados, isto é, sem embrião. O crescimento do fruto envolve a divisão celular, elongação e diferenciação, e requer água, carboidratos, compostos nitrogenados, sais minerais e substâncias de crescimento. A escassez de um ou mais desses elementos diminui a taxa de crescimento.
A germinação, que ocorre quando as sementes estão maduras e se as condições ambientais forem adequadas, é o processo de reativação do crescimento do embrião, culminando com o rompimento do tegumento da semente e o aparecimento de uma nova planta. As condições básicas requeridas para a germinação das sementes são a água, o oxigênio, a temperatura ( 20°C a 30ºC) e, para algumas espécies, a luz.
O impedimento estabelecido pela dormência se constitui numa estratégia benéfica, pela distribuição da germinação ao longo do tempo, aumentando a probabilidade de sobrevivência da espécie, através de três formas:

a) As sementes são dispersas da planta matriz, em diferentes estágios de dormência, fenômeno conhecido como polimorfismo ou heteromorfismo. Estas variações são caracterizadas morfologicamente através da cor, do tamanho, da espessura do tegumento das sementes, produzidas pelo ambiente, e por causas genéticas. Nas sementes polimórficas, a germinação é distribuida no tempo, representada pela emergência das plântulas em intervalos irregulares, aumentando a probabilidade de alguns indivíduos sobreviverem;

b) A dormência também pode proporcionar a distribuição da germinação ao longo do tempo, através da dependência de sua superação por fatores ambientais, os quais se distribuem no tempo, podendo-se citar, como exemplo, aquelas espécies cujas sementes amadurecem durante o inverno e que produzirão plântulas somente na primavera, pois o inverno as exterminaria;

c) As sementes de muitas espécies entram em estado de dormência chamada de embrionária, quando em presença de condições desfavoráveis para germinação, tais como altas ou baixas temperaturas. Contudo, com o passar do tempo estas sementes vão superando-a vagarosamente. Em muitos casos, a dormência embrionária é superada pela luz vermelha do espectro, uma vez, que nas condições naturais da floresta, a incidência de luz que atinge o solo, é pobre em componentes do espectro vermelho, além de que muitas vezes, a semente fica localizada sob a cobertura morta do solo onde a luz não penetra.

CATEGORIAS DE DORMÊNCIA

- Dormência tegumentar ou exógena
As sementes viáveis de algumas espécies não germinam, mesmo sob condições favoráveis. Porém, em muitos casos, o embrião destas quando isolado, germina normalmente. Neste caso, a semente é dormente porque os tecidos que a envolvem exercem um impedimento que não pode ser superado, sendo conhecido como dormência imposta pelo tegumento. Esta é a mais comum das categorias de dormência, e está relacionada com a impermeabilidade do tegumento ou do pericarpo à água e ao oxigênio, com a presença de inibidores químicos no tegumento ou no pericarpo, tais como a cumarina ou o ácido parasórbico, ou com a resistência mecânica do tegumento ou do pericarpo ao crescimento do embrião.
Os fungos e as bactérias presentes no solo, nas condições da floresta, podem minimizar este tipo de dormência ao degradarem o tegumento das sementes. Como exemplo, podem-se citar as sementes de espécies leguminosas, como Mimosa scabrella (bracatinga), Mimosa regnellii (juquiri) e Mimosa bimucronata (maricá).

- Dormência embrionária ou endógena
Quando a remoção do tegumento de uma semente viável não permite que esta germine, caracteriza-se a dormência embrionária, que é devida a causas que envolvem o embrião. Esta categoria de dormência é mais comum nas espécies florestais, especialmente nas da familia das Rosaseae, podendo ser devida à ocorrência de embrião imaturo, ou presença de mecanismo de inibição fisiológica que o impedem de desenvolver-se. Como exemplo, citamse as sementes de Rapanea ferruginea (capororoca) e Ilex paraguariensis (erva-mate).
As duas categorias de dormência podem ocorrer simultaneamente ou sucessivamente nas sementes de uma mesma espécie. As sementes são ditas com dormência quando são dispersadas da planta matriz em estado dormente, ou seja, a dormência é iniciada durante o desenvolvimento da semente. Contudo, a dormência pode ser induzida quando as sementes já se encontram maduras, e isto ocorre quando são colocadas para germinar sob condições desfavoráveis de aeração, temperatura ou luminosidade. As sementes de várias espécies desenvolvem mecanismos complexos, nos quais partes do eixo embrionário diferem na intensidade da dormência. Nestes casos, chamados de dormência epicotelial, a radícula se desenvolve e o epicótilo não. Em algumas outras espécies, a radícula apresenta alguma dormência, porém em menor intensidade que a do epicótilo, o que representa o caso de dormência dupla.

CAUSAS DA DORMÊNCIA

- Dormência tegumentar ou exógena
A germinação das sementes é bloqueada pelos seguintes fatores:

a) Interferência na absorção de água: as sementes das famílias das Leguminosae, Cannaceae, Convolvulaceae, Malvaceae e Chenopodiaceae apresentam na testa camadas de um tecido chamado de osteosclereides, que impede a entrada de água e atrasa a germinação por vários anos;

b) Impedimento mecânico: vários tecidos ao redor do embrião são extremamente resistentes, e se o embrião não consegue penetrá-los não germinará. Entretanto, em alguns casos, o embrião produz a enzima mananase que enfraquece o tecido resistente, superando a dormência;

c) Interferência nas trocas gasosas: os tecidos impermeáveis que circundam o embrião limitam sua capacidade de trocas gasosas, impedindo a entrada do oxigênio, limitante à germinação, mantendo-a dormente

d) Presença de inibidores: foram encontrados, nas sementes de muitas espécies, inibidores químicos de diferentes classes, localizados no tegumento e no embrião, que são retidos pela semente embebida, ao invés de se dispersarem no meio, bloqueando a germinação. Em alguns casos, contudo, o tegumento parece ter efeito inibidor químico mais intenso do que mecânico, necessitandose da lavagem das sementes para sua remoção e superação da dormência.

- Dormência secundária ou embrionária
Existem dois fatores envolvidos na dormência secundária: os cotilédones e as substâncias inibidoras da germinação. A constatação disto foi feita através da amputação dos cotilédones do embrião dormente, o que permitiu que o mesmo se desenvolvesse, confirmando que os cotilédones aparentemente exercem algum efeito inibidor da germinação sobre o eixo embrionário.
Provavelmente, o contacto dos cotilédones com o substrato úmido proporciona a distribuição do inibidor químico para o meio, inibindo toda a semente e mantendo-a dormente. (Bewley & Black -1994).

MÉTODOS PARA A SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA

- Dormência tegumentar ou exógena
a) Escarificação ácida As sementes são imersas em ácido sulfúrico, por um determinado tempo, que varia em função da espécie, à temperatura entre 19ºC e 25ºC, sendo então lavadas em água corrente e colocadas para germinar.

b) Imersão em Água
Imersão em água quente: a imersão em água quente constitui-se num eficiente meio para superação da dormência tegumentar das sementes de algumas espécies florestais. A água é aquecida até uma temperatura inicial, variável entre espécies, onde as sementes são imersas e permanecem por um período de tempo também variável, de acordo com cada espécie;

Imersão em água fria: sementes de algumas espécies apresentam dificuldades para germinar, sem contudo estarem dormentes. A simples imersão das sementes em água, à temperatura ambiente (25ºC) por 24 horas, elimina o problema, que normalmente é decorrente de longos períodos de armazenamento, e que causa a secagem excessiva das sementes, impedindo-as de absorver água e iniciar o processo germinativo.

c) Escarificação mecânica
Este método tem se mostrado bastante eficaz para a superação da dormência de algumas espécies florestais, em especial as leguminosas. O procedimento consiste, basicamente, em submeter as sementes a abrasão, através de cilindros rotativos, forrados internamente com lixa o que irá desgastar seu tegumento, proporcionando condições para que absorva água e inicie o processo germinativo;

Para que se obtenham resultados positivos na utlização do processo, são necessárias algumas precauções, como o tempo de exposição das sementes à escarificação e a pureza do lote, pois sementes com impurezas comprometem a eficiência do tratamento.

Dormência embrionária ou endógena

a) Estratificação a frio As sementes de algumas espécies florestais apresentam embrião imaturo, que não germina em condições ambientais favoráveis, necessitando de estratificação para completar seu desenvolvimento. Para a estratificação, o meio em que as sementes serão colocadas deve apresentar boa retenção de umidade e ser isento de fungos. Normalmente utiliza-se areia bem lavada que apresente grãos em torno de 2,0 mm de diâmetro (média) para facilitar a posterior separação das sementes por peneiragem.
O recipiente em que será colocado o meio, deve permitir boa drenagem evitando-se a acumulação de água no fundo o que causa o apodrecimento das sementes.
A temperatura requerida para a estratificação a frio está entre 2oC e 4oC, que pode ser obtida em uma geladeira ou câmara fria. As sementes são colocadas entre duas camadas de areia com 5 cm de espessura. O período de estratificação varia de 15 dias para algumas espécies, até 6 meses para outras. Uma vez encerrado o período de estratificação, as sementes devem ser semeadas imediatamente, pois se forem secas poderão ser induzidas à dormência secundária.

b) Estratificação quente e fria
A maturação dos frutos de algumas espécies ocorre no final do verão e início do outono, com temperaturas ambientais mais baixas. A estratificação quente e fria visa reproduzir as condições ambientais ocorridas por ocasião da maturação dos frutos.

O procedimento é exatamente o mesmo descrito para a estratificação a frio, alterando-se temperaturas altas (25ºC por 16 horas e 15ºC por 8 horas) por um período, e temperaturas baixas (2ºC a 4ºC) por outro período.

Dormência combinada

Algumas espécies apresentam sementes com dormência tegumentar e embrionária. Nestes casos, submete-se a semente inicialmente ao tratamento de superação da dormência tegumentar, e a seguir, para superar a dormência embrionária. Em alguns casos, apenas a estratificação a frio é suficiente para superação de ambas.

 

Fonte: Embrapa