Informações
Originalmente cobria uma área de mais de 1 milhão de Km². É
um dos mais importantes repositórios de diversidade biológica
do país e do planeta. É também o bioma mais ameaçado, com
menos de 9% de área remanescente sendo que 80% desta área
está em propriedade privada. As unidades de conservação
correspondem a 2% da área remanescente. O desmatamento é
consequência principalmente de atividades agrícolas, reflorestamento
homogêneo (Pinus e Eucalipto) e da urbanização (I Relatório
para a Convenção sobre Diversidade Biológica do Brasil - 1998).
A Floresta Atlântica é uma floresta tropical plena, associada
aos ecossistemas costeiros de mangues nas enseadas, foz de grandes rios, baías
e lagunas de influência de marés, matas de restinga nas baixadas
arenosas do litoral, às florestas de pinheirais no planalto, do Paraná,
Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, e ainda aos campos de altitude nos cumes
das Serras da Bocaina, da Mantiqueira e do Caparaó.
A maior parte das espécies da fauna e da flora brasileira, em vias de
extinção, são endêmicas à Floresta Atlântica.
No sentido amplo do termo, a Floresta Atlântica engloba um diversificado
mosaico de ecossistemas florestais com estruturas e composições
florísticas bastante diferenciadas, acompanhando a diversidade dos solos,
relevos e características climáticas da vasta região onde
ocorre, tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos
que sopram do oceano.
No reverso das escarpas, em suas porções voltadas para o interior,
caracteriza-se como uma mata de planalto, resultante da existência de
um clima úmido mas com estacionalidade bem marcada.
Assim, na Reserva da Biosfera da Floresta Atlântica, além de algumas
paisagens em graus diversificados de antropização, englobam-se
variados hábitats: Floresta Perenifólia Higrófila Costeira
(Torres) ou Floresta Ombrófila Densa (Serra Gaúcha).
Caracterizadas por sua fisionomia alta e densa, são conseqüência
da variedade de espécies pertencentes a várias formas biológicas
e estratos. Nessa floresta, a vegetação dos níveis inferiores
vive em um ambiente bastante sombrio e úmido, sempre dependente do estrato
superior.
O grande número de lianas, epífitas, fetos arborescentes e palmeiras
dá a esta floresta um caráter tipicamente tropical. Segundo a
Legislação Ambiental que definiu os limites da Floresta Atlântica
no RS, ela começa pelo Rio Mampituba em Torres, indo até Osório,
onde sobe a Serra Geral, incluindo toda a Serra Gaúcha e aí, novamente,
desce o Itaimbezinho até as nascentes do Rio Mampituba. Ou seja, todo
o Litoral Norte e Serra Gaúcha estão dentro da chamada Floresta
Atlântica.
Os ambientes do Litoral Norte são muito sensíveis porque ainda
estão em formação. A natureza ainda não terminou
de fazê-los. Dunas, restingas, banhados, lagoas, campos e matas formam
corredores de vida silvestre, com papel definido na harmonia da região.
Exemplos são a gralha azul, que planta o pinhão na Serra, e os
pássaros que comem as sementes da figueira e semeiam com sua defecação
futuras mudas de figueira em todo o Litoral Norte.
Atualmente cerca de 80 milhões de pessoas, mais de 50% da população
brasileira, vive nessa área que, além de abrigar a maioria das
cidades e regiões metropolitanas do País, sedia também
os grandes pólos industriais, químicos, petroleiros e portuários
do Brasil, respondendo por 80% do PIB nacional.
Apesar de sua história de devastação, a Floresta Atlântica
ainda possui remanescentes florestais de extrema beleza e importância
que contribuem para que o Brasil seja considerado o país de maior diversidade
biológica do planeta.
Em relação à ocupação e utilização
da Floresta Atlântica, a floresta nativa deu lugar às culturas
de cana-de-açúcar, cacau e café, além da pecuária,
da floresta cultivada e dos pólos de desenvolvimento urbano. A devastação
das matas teve início ainda no séc. XVI, com o ciclo do pau-brasil,
progredindo até os dias atuais quando restam cerca de 5% da cobertura
florestal original (quase que exclusivamente nas vertentes da Serra do Mar).
Em fevereiro de 1993, um novo decreto regulamentou a exploração
da Floresta Atlântica. O decreto aumentou a área de dimensão
da Floresta Atlântica a ser preservada, antes restrita à faixa
litorânea. Ao contrário da legislação anterior, que
praticamente proibia qualquer forma de utilização econômica
da região, considerando a área intocável, o texto atual
permite que as comunidades locais mantenham a exploração tradicional
de algumas culturas por uma economia de subsistência. Além disso,
prevê que os estados, municípios e Organizações Não-Governamentais
(ONG's) também participem da fiscalização do ecossistema.
Estudos revelam que em cinco anos o Brasil perdeu 533 mil hectares de Floresta
Atlântica com derrubada de 1,07 bilhão de árvores. Calcula-se
também que de 1990 até 1993 mais de 316.888 hectares de florestas
foram derrubadas.
As principais causas do desmatamento são a proliferação
das pastagens, o plantio de eucaliptos e a implantação de monoculturas
comerciais como a soja e a cana. Essa diversidade, ao mesmo tempo em que representa
uma excepcional riqueza de patrimônio genético e paisagístico,
torna a mata externamente frágil.
O resultado atual da destruição de quase 5 séculos de
colonização, da expansão agrícola e da urbana florestas
úmidas adentro, passou por vários ciclos, que marcaram o desenvolvimento
do País, como o da cana-de-açúcar, do ouro, do café
e, na atualidade, da expansão da agricultura e da industrialização.
O ambiente é superúmido, devido às grandes quantidades
de árvores, que tornam a floresta mais fechada. O clima é tropical,
com influência oceânica, com precipitação anual que
varia de 1.000 a 1.750 mm. Não bastasse o fato de ser uma floresta tropical,
com vários ecossistemas associados, a Floresta Atlântica teve sua
diversidade biológica ainda mais ampliada pela intensidade das transformações
que sofreu ao longo dos últimos anos.
Especialmente durante o período quaternário, marcado por fortes
mudanças climáticas, a Floresta Atlântica viveu momentos
de forte retração durante as glaciações, resistindo,
fragmentada, apenas em alguns locais conhecidos como "refúgios do
pleistoceno", quando as condições climáticas eram
mais amenas.
O relevo é constituído por colinas e planícies costeiras,
acompanhadas por uma cadeia de montanhas. Os solos são de fertilidade
média, porém, a área com relevo acidentado constitui limitação
forte para uso intensivo das terras com cultivos anuais. Mas no interior da
floresta o solo é pobre, que se mantém pela decomposição
acelerada de matéria orgânica proveniente dos restos vegetais que
caem no chão.
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